terça-feira, 14 de julho de 2009

MUSEU DE TECNOLOGIA DE BANGALORE



O museu de industria e tecnologia de Bangalore pode ser considerado como um dos mais importantes exemplos de educação livre na Índia. Diariamente é visitado por colégios e pelo povo em geral. Paga-se cinqüenta centavos de entrada para permanecer lá o dia inteiro, percorrendo as galerias e estudando a evolução do homem através da ciência. Há filmes instrutivos às duas horas da tarde, sessões cinematográficas mostrando o caminho feito pelos astronautas ou as conquistas da arte cinética de algum pintor moderno ocidental. Na entrada, uma frase de Nehru: “O verdadeiro cientista é o sábio desapegado da vida e dos frutos da ação, sempre buscando a verdade e sendo conduzido por ela”.
O diretor do museu é jovem e entusiasta do sistema de educação livre. “Aqui as pessoas aprendem sem a compulsão de passarem por exames. Aprendem brincando, participando. Levamos a historia da ciência e tecnologia às vilas, pois na Índia, a maioria da população está nas vilas”. Há dois ônibus especiais enormes, conduzindo os ensinamentos para o interior do país, em sistema de teatros de marionetes. Bonequinhos que se movimentam e mostram como todas as coisas vivas contem água, como se tira água do solo, a purificação da água potável e a composição da água. O ônibus é intitulado “Água, fonte de vida” e as diversas cenas são mostradas pelas janelas à população.
Arte e ciência se completam nas salas do museu e a forma estética é posta a serviço do conteúdo cientifico. A apresentação de um museu de ciência e tecnologia exige a presença de um artista para dispor as salas, arranjar as vitrines, imaginar painéis de forma agradável e interessante. A participação do espectador, hoje tão comum nas propostas de arte do ocidente, é usada para despertar maior interesse lúdico e criativo. Apertamos botões e estamos diante do homem das cavernas descobrindo e transformando os elementos naturais: vemos a energia solar sendo transformada em fogo através do uso de lentes especiais, as chuvas caindo sobre a terra e produzindo vegetação e alimento, o vento tocando os moinhos, a água transmutada em energia nas represas e usinas, o uso do vapor, o trem de ferro e o foguete para a lua. Num só painel o resumo da historia da ciência e física. Mocinhas param em frente ao painel que mostra o sistema de pesos e medidas dos egípcios. Crianças apertam botões e vêem os moinhos rodarem. Velhinhas acompanhadas dos filhos, noras, netos e toda a “joint family” aprendem brincando, de forma lúdica. Paramos em frente às câmaras de uma tevê mostrando como a imagem é transmitida e como é recebida.
Há outro painel com duas enormes figuras falando ao telefone. Ao lado, um telefone de verdade, onde podemos discar e ver o movimento das ondas sonoras, do transmissor ao receptor. “Veja sua própria voz” é o anuncio da próxima atração. Um olho dentro de uma caixa tendo ao lado um microfone. Podemos ver o gráfico de nossa apropria voz, do sussurro ao grito e a intensidade do som produzindo vibrações sutis ou violentas. As formas variam de acordo com a voz, tornam-se lentas, suaves, quando emitimos sons harmoniosos, nervosas e agressivas quando a voz se altera. Noutra sala as rodas giram como fantásticas mandalas. “A roda é o símbolo do desenvolvimento técnico do homem. Ela existe em toda a parte na natureza. Sua invenção foi a primeira explosão técnica”. O homem percorre distâncias com a roda, ela está em todas as maquinas e em todos os meios de transporte. Na Índia, a roda é usada de formas variadas no transporte da população. Rodas de bicicleta, rodas de riquixá, rodas de carro de boi, de trem de ferro, rodinhas, rodas enormes, a energia conjugada, homem, animal, roda.
O museu está situado dentro de um parque. Ele oferece cursos, seminários e bolsas de estudo de três meses para as pessoas interessadas.

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