quarta-feira, 19 de agosto de 2009

MEU CAMINHO DA ÍNDIA

Minha experiência com a arte teria de expandir-se para um campo maior. Incentivada por meu marido, que sempre me deu apoio nas minha iniciativas, embarquei em 1970 rumo ao Oriente. Visitei o Japão, a China, a Tailândia e a Índia, integrando um grupo turístico que se dirigia à Expo 70.
Chegando à Índia, fui convidada pelo então embaixador do Brasil, Wladimir Murtinho, para permanecer em Nova Delhi. A Índia deixou de ser um ponto a mais no meu roteiro turístico. Alguma coisa me atraía àquele país como se fosse um reencontro com um passado longínquo. Visitei um templo em Delhi e um monge percebeu o meu interesse, presenteando-me com uma pilha de livros de Ramakrisna e Vivekananda, que me desvendaram pela primeira vez o mistério dos Yogues. Entre eles estava um pequeno exemplar do Bhagavad Gita, livro sagrado da Índia.
Voltando ao Brasil, ingressei no curso de Yoga do Professor George Kritikos e freqüentei seu grupo de meditação. Mergulhei na leitura dos mais variados livros de filosofia oriental, do Zen Budismo aos mestres de Vedanta, da Teosofia a Krishnamurti. Tomei consciência de que realmente pertencemos a um Todo, que viemos de uma Essência e a Ela vamos retornar.
A partir de 1977, comecei a visitar a Índia, procurando desenvolver pesquisas no campo da arte, da educação e da história, com base na filosofia oriental. “Deixa o senhor cuidar de ti”. Essa frase, escutada no silêncio de uma madrugada, foi de certo modo a minha bússola durante as diversas viagens. Procurei seguir a intuição sem traçar planos. Visitei escolas, comunidades, anotando, em forma de diário, as minhas impressões e experiências. Meu caminho da Índia é uma reconquista da sabedoria que perdemos pelo excesso de materialismo. Aprendi escutando a voz do povo, participando de congressos, pronunciando palestras, realizando estudos comparativos entre o Brasil e a Índia e observando os diferentes costumes das diversas regiões por onde passei.
Os ensinamentos orientais não me acenavam como uma nova religião, mas significavam a redescoberta de conhecimentos que já existiam dentro de mim. Esses ensinamentos não são privilégio de um só país ou de uma só raça. Eles existem dentro de todo ser humano e estão guardados no silêncio de nossa consciência. O meu objetivo era redescobri-los através da minha própria experiência de vida.
O encontro das diversas mensagens nos campos da arte, da filosofia, da religião e da ciência, soava nos meus ouvidos como uma única voz. O oriental busca, antes de tudo, através da meditação, experimentar dentro de si mesmo sua Realidade Interna, que ultrapassa os conceitos da mente. Ao percorrer várias comunidades espiritualistas, desde os monges budistas no alto dos Himalaias até os mais variados ashrams da Índia, sentia a mesma verdade fluindo de diversas formas. Existem inúmeros mestres e caminhos, mas a minha abordagem focaliza apenas os que tive a oportunidade de conhecer de perto ou que me tocaram através de seus ensinamentos.

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