quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CARTAS POÉTICAS

Cartas Poéticas é um espetáculo que se realiza como o I Ching dos chineses, captando a resposta a uma indagação. A resposta já está guardada no coração de quem faz a consulta, só que a mente do espectador que faz a consulta não tem consciência dela. O espectador sobe ao palco, coloca as mãos na mesa, concentra-se na pergunta. As cartas têm a resposta que é traduzida em forma de música e poesia. Essa captação de energias semelhantes é o encontro do desconhecido que existe dentro de nós, nos subterrâneos luminosos de nosso inconsciente. Luciano, como ator, dá o toque inicial e conduz os cantores com o olhar. Quando fala, seu discurso convence, tem o calor do momento, da improvisação. O espectador está atento à pergunta aguardando a resposta exata. Quando ela é revelada de forma poética, ele se sente tocado e muitas vezes chora.

Luciano, Ivana e Evaldo conduzem esse evento de arte para uma participação real do público. Ali a arte está no canto, na poesia e na própria escolha das cartas. Luciano é diretor de teatro e sabe conduzir o evento a um estado energético onde a emoção se revela e se transforma.

Os sábios chineses descobriram esse momento e criaram os hexagramas do I Ching.

Stanislavski fazia do momento de criatividade uma forma de auto-conhecimento e Grotowski dinamizava a participação do público.

Cartas poéticas promove o encontro do público com a poesia e o canto de forma direta, sem análises ou explicações. É ali, naquele momento mágico que as coisas acontecem e se clareiam. O trio das cartas vai levando sua mensagem aos empresários, aos asilos, às escolas.

No dia 17 de setembro, na semi-obscuridade do Teatro da PUC em Belo Horizonte, aconteceu um evento de cartas para um público jovem, alunos daquela universidade. Sentada no banco da frente, eu podia assistir de perto àquele espetáculo teatral onde as artes se encontravam para promover uma síntese emocionante. Na semi-obscuridade da sala toda pintada de preto, os holofotes projetavam formas e sombras nas paredes, focalizando os artistas e a platéia. Todos nós fazíamos parte do mesmo evento criativo. A arte do século XXI é uma arte que se estende a vida de forma abrangente, não está guardada em museus. Cartas Poéticas é um exemplo disso.

*Fotos Leandro Luppi

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