sábado, 5 de setembro de 2009

GOA

Quando pela primeira vez estive em Goa, senti-me como se estivesse no Brasil, em pleno coração da Índia. Ali estiveram os portugueses, deixando sua presença nas construções barrocas, na língua e nos costumes do povo. Nas aldeias goesas, existe a tradição de se cantar serenatas como em Diamantina.
Em Goa, eu me sentia em casa. As pessoas são amáveis, acompanham os visitantes, convidam-nos para jantar, levam-nos aos concertos e recepções.
Fiquei conhecendo de perto a vida de uma aldeia goesa. O governo de Goa, naquela época, era socialista e a divisão de terras propiciava muitas desavenças. O sistema de castas, de origem hindu, prevalecia até nas famílias católicas.
O Dr. Antonio de Menezes, um renomado historiador indiano, me contava a história de Goa e da Índia. Aprendi muito sobre a música indiana e a sua relação com o canto gregoriano dos cristãos, que se originaram de uma fonte comum. Ambos se expressam de forma circular, repetitiva, elevando as vibrações para um plano mais sutil. Todas as tardes, ele me ensinava um pouco da historia de Goa e eu fazia a ponte com a historia do Brasil. Através desse dialogo soube que um dos maiores arquivos da historia colonial do Brasil encontra-se em Panjim, a capital de Goa. Segundo o historiador, quando Afonso de Albuquerque chegou a Goa, encontrou o ensino elementar ministrado à sombra de árvores. Para efeito de maior expansão do Cristianismo e da cultura portuguesa, o conquistador português incentivou a criação de escolas para crianças e adultos. As cartilhas escolares vinham da metrópole e o ensino foi confiado aos religiosos.
A influência de Portugal na cultura goesa durou quatro séculos e meio, de 1510 a 1961. Ali foi criada a primeira imprensa do Oriente com o objetivo de expandir o Cristianismo. Por outro lado a imprensa divulgou a espiritualidade da Índia na Europa. Depois da retomada de Goa pelo governo da Índia, em 1961, os portugueses regressaram a Portugal e a ex-colônia perdeu o intercâmbio com o continente europeu.
As pessoas acima de 60 anos ainda falam o português, mas os jovens já perderam o contato com essa língua, desde que o governo da Índia decretou a sua substituição pela língua local.

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