sexta-feira, 7 de maio de 2010

SERRA DA PIEDADE, UNIÃO DE VÁRIOS CAMINHOS

A Serra da Piedade é um dos pontos mais conhecidos dos arredores de Belo Horizonte, local de meditação e romaria à Nossa Senhora da Piedade. A imagem da Pietá esculpida por Aleijadinho, está colocada na nave central da ermida.

No alto da montanha, a UFMG colocou um observatório astronômico, onde os estudiosos podem observar as estrelas.

Frei Rosário ali viveu por muitos anos, administrando obras, conduzindo os romeiros e meditando dentro de uma gruta. No silêncio de suas meditações ele começou a perceber, por intuição, a união de todos os caminhos.
Frei Rosário, muito à frente do seu tempo, começou a organizar uma biblioteca ecumênica destinada ao século XXI. Estando de viagem para a Índia, recebi a encomenda de trazer para a biblioteca os livros mais antigos da filosofia hindu. Viajei para a Índia com esta missão. Minha filha Eliana, como professora de ioga, ficou encarregada de escolher os livros.
Numa carta enviada para Frei Rosário, fizemos um relato da viagem. “Encontramos os volumes mais antigos da Bhagavad Gita e das Upanishads. Também nos informamos sobre a obra completa de Sri Sankarãcãrya, considerado um dos maiores sábios da Índia, aquele que difundiu de forma clara e acessível a filosofia Advaita.” Entre os livros que agora fazem parte da biblioteca ecumênica da Serra da Piedade estão os Vedas, escrituras sagradas mais antigas dos hindus, que se dividem em quatro: Rig Veda, Yajur Veda, Sama Veda e Atharva Veda. O Rig Veda é considerado um dos textos mais antigos da humanidade. Acredita-se que ele data de 1200 anos A.C ou até mais.
Quando Frei Rosário me procurou em Belo Horizonte para realizar os painéis das capelas da ermida de Nossa Senhora da Piedade, eu acabava de escrever um capítulo para meu livro Os caminhos da Arte relacionando os hinos védicos com o canto gregoriano. Meu trabalho estava voltado para a integração do Oriente com o Ocidente através da música religiosa.
Em relação aos dois painéis, Frei Rosário me trouxe indicações bíblicas que eu deveria ler para me inspirar nos temas encomendados. Era importante ler textos do Antigo e Novo Testamento, para uma informação histórica.
Antes de começar os trabalhos, fui várias vezes à Serra da Piedade contemplar as montanhas, que se assemelham às do Retiro das Pedras, onde moro.Tirei fotos, fiz estudos de tamanhos variados. Era importante penetrar não somente no espírito das montanhas, em sua transparência e fluidez, como também recuar até a nossa tradição barroca de arabescos e curvas. Numa das capelas a figura de Jesus Cristo foi colocada no centro de uma mandala, símbolo cósmico de integração tanto no oriente como no ocidente. Na outra capela, São José está representado como guardião de Jesus.
Deixei os projetos com o competente artista Juan Carlos Cerri, professor da UFMG, que realizou, juntamente com uma equipe de assistentes, os painéis em azulejo.

*Fotos: Maurício Andrés

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