segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

THOMAS MERTON, CRISTIANISMO E BUDISMO

 Os inúmeros templos de Bangkok são famosos no mundo inteiro. A experiência de vê-los de perto, em seu deslumbrante lirismo, despertou-nos uma emoção quase musical. A mesma motivação que em um país inspira a sobriedade, em outros manifesta-se como uma explosão colorida. A arquitetura dos templos de Bangkok parece uma festa de cores. Há unidade comovente dentro da multiplicidade de enfeites e formas rebuscadas. As torres são apelos para o estado supremo de iluminação pretendido pelo Budismo. Subimos escadas estreitas que lembram os degraus da difícil ascese do homem em direção ao desapego, à paciência e a renuncia. Lá embaixo, monges budistas com cabeças raspadas, vestidos de túnicas alaranjadas, seguiam o exemplo de Buda, o príncipe Sidarta, que renunciou  à vida de conforto e riqueza para realizar o seu propósito. A renúncia para eles significa a busca pela libertação e o encontro com o Nirvana. É o dissipar  da ilusão, a permanente vigilância e a plena atenção ao momento presente.
A suntuosidade dos tempos, as flores de porcelana incrustadas nas torres, formavam um contraste com a humildade dos monges.

As escadas dos templos de Bangkok fizeram-me refletir sobre a ascese das diversas doutrinas, consideradas como degraus para se alcançar o infinito. Lá embaixo, os pequenos sinos vendidos nas barracas tocavam festivos ao sabor do vento. Tinham a mesma configuração das torres. Eram leves e pareciam querer levantar vôo. As escadas circundando o templo, a forma de sino de algumas torres, a hierarquia das religiões, lembraram-me um outro monge cujos passos ressoaram nessas pedras. Vestia-se como os trapistas cristãos ocidentais e trazia ao oriente a mensagem de Cristo. Veio em missão de paz, buscando, naquelas terras distantes, a harmonia com seus ideais de perfeição. Descobriu que os diversos caminhos eram apenas linguagens diferentes, mas em suas camadas mais profundas, continham a mesma verdade. Esteve no oriente procurando nos mosteiros o entrosamento com suas inspirações ocidentais.

Thomas Merton, conhecido monge cristão, autor dos livros: Homem algum é uma lha, Montanha dos sete patamares e Zen e as aves de Rapina, morreu subitamente em Bangkok. Sua visita aos mosteiros orientais, seus estudos sobre o Taoísmo apresentando ao ocidente A Via de Chuang Tzu , revelaram-nos o Thomas Merton interessado profundamente na aproximação de diversos caminhos.
            O grande pensador cristão sentiu-se atraído pela profundidade do pensamento oriental e de certo modo precedeu a atual busca da unidade de todas as religiões. Ele nos mostrou que o simples fato de nos apegarmos a uma visão parcial e tentarmos colocar nossos condicionamentos como a única verdade significa obscurecer a verdade. As considerações de Thomas Merton para o livro taoísta De Chuang Tzu estão acima das limitações impostas pelo radicalismo religioso. Não existem regras matemáticas para a vida. Dentro de nós há uma energia que é comum a todos os nossos irmãos. No entanto as buscas diferem como diferem as situações e a intensidade dos impulsos.
Thomas Merton, através de seus livros buscou uma aproximação com seus irmãos orientais, sem querer  modificá-los ou converte-los ao cristianismo.   

 *Fotos da internet

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