quarta-feira, 29 de junho de 2011

ARTE E EVOLUÇÃO HUMANA NO ASHRAM DE SRI AUROBINDO


Em 1979, visitei  uma comunidade na Índia cujo modo de viver tem atraído pessoas de todo o mundo. Seu fundador, Sri Aurobindo, foi o pensador oriental que mais se aproximou de nossa civilização. Procurava um entrosamento das idéias espiritualistas do Oriente com o dinamismo progressista do ocidente. Sua filosofia, baseada na evolução, prevê a transformação do homem acreditando que “por detrás da inteligência existe em todo o ser humano outra ordem de consciência ainda oculta, que espera o momento de surgir.”
A insatisfação do homem, seu desejo de progredir, é uma prova disto. Essa sede de progresso que nos impulsiona para a evolução não se prende apenas ao raciocínio lógico, mas o ultrapassa. A evolução, processada anteriormente pelas forças da natureza, seria realizada agora conscientemente, no próprio homem, através de praticas, exercícios e o desenvolvimento de suas energia internas.
Tendo sido educado na Europa e conhecendo bem a civilização ocidental, Sri Aurobindo  considerava impossível dominarmos as conquistas da ciência e da técnica sem a ajuda de um poder maior do que a inteligência. O desenvolvimento interior através da ioga integral viria despertar nossas potencialidades adormecidas, conduzindo-as à ação. A busca e a educação dessas energias existentes em todo ser humano são formas de atividade que identificam a filosofia do mestre. Tornar consciente o que está inativo e forçá-lo a atuar, despertar, discernir, desapegar-se, agir, purificar-se e evoluir. A transformação se realizaria inicialmente em cada pessoa que já estivesse preparada, mais tarde atingindo a todos. Essa evolução para um plano mais alto de existência se efetuaria normalmente através do desenvolvimento das aptidões de cada um, considerando-se que o trabalho feito com amor conduz ao aperfeiçoamento da pessoa. Qualquer forma de atividade pode ser considerada veículo de evolução. O trabalho assim realizado prevê a ajuda mutua e o espírito comunitário. O trabalho feito com idealismo transforma e purifica o homem. A vocação já é o chamado para a evolução. Bloqueá-la significa atraso.
A criatividade também ajuda a despertar as energias interiores. Através dela, usamos a intuição que nos conduzirá à descoberta da realidade interna. O exercício da criatividade, em todos os seus aspectos - científicos, filosóficos, artísticos - ajuda em nossa integração, conduzindo-nos a planos mais altos. É necessário despertá-la por meio da arte na educação e do incentivo aos artistas e pesquisadores. Mas a evolução exige o aperfeiçoamento total do homem. Baseado nisso, Sri Aurobindo incentivou o esporte, acreditando que o corpo deveria se fortalecer para ajudar na transformação espiritual que se processaria através dele. Suas idéias unificam matéria e espírito. O progresso tecnológico avança, impulsionado por outras forças que ultrapassam as dimensões da inteligência e do raciocínio lógico. Dentro desse impulso totalizante e unificador, o homem crescerá em direção à sua evolução.
A experiência comunitária de Sri Aurobindo apoiada pela UNESCO traz-nos a mensagem de esperança. Suas idéias, aliando a agudeza do ocidente com a iluminação do oriente, conduzem-nos à reflexão. Nossas forças também poderão ser dirigidas e transformadas para que o homem do futuro possa encontrar uma humanidade melhor.

A partir de suas idéias de Unidade Planetária, foi construída a cidade de Auroville (Cidade Aurora) sob o patrocínio da UNESCO. No Brasil as idéias de Sr Aurobindo foram propagadas em Belo Horizonte e Salvador, na década de 70, por Rolf Gelewski, que ensinava através da dança, um despertar do Yoga Integral.

*Fotos da internet

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quarta-feira, 15 de junho de 2011

AVENIDA CANADÁ, CAMINHO DAS ARTES

O artista é um fruto de sua época. Naturalmente, vivendo e participando das experiências de seu tempo, ele transmitirá a inquietação do mundo em seus trabalhos. Não será nunca um retrógrado, um porta-voz de seus antepassados.

Ele é a síntese de seus contemporâneos e, justamente por viver e sofrer os problemas da vida moderna, espontaneamente, sem que ninguém lhe imponha, ele se manifestará, também, de um modo atual correspondente aos avanços da civilização. Ele tem a possibilidade, que outros não tiveram, de estar a par de tudo o que se passa na Europa, na Ásia, na África e nas Américas, de todas as notícias do que se faz de mais avançado no mundo. Isto de certo modo o modifica, torna-o mais universal.
Fazemos parte da humanidade toda, de um modo muito mais vivo que os homens de antigamente, que ignoravam, por completo, os acontecimentos do resto do mundo.

Devido às novas tecnologias, os artistas, que antes viviam retirados nas montanhas podem participar ativamente dos movimentos culturais de qualquer parte do planeta. Um exemplo disto é o dinamismo de 3 galerias localizadas em grandes galpões na  Avenida Canadá, no bairro Jardim Canadá. Este corredor cultural já foi denominado “Caminho das Artes”, por sua localização na estrada que liga Belo Horizonte a Inhotim, um dos centros de Arte Contemporânea mais reconhecidos do planeta.

O corredor cultural começa na Galeria Lemos de Sá, que possui um acervo escolhido de artistas, com ênfase no trabalho de Amílcar de Castro. Todos os sábados pela manhã, Beatriz, a dona da galeria, abre os imensos portões para um encontro com as pessoas interessadas num bate papo cultural. Beatriz chegou recentemente de 2 feiras de arte, uma em São Paulo e outra em Buenos Aires, para onde levou um acervo selecionado de obras de artistas mineiros.
No dia 28 de maio, uma outra galeria abriu suas portas. Hamilton Aguiar me convidou a participar desta primeira exposição, onde pude ver meus quadros sendo reproduzidos de forma gráfica. Hamilton veio dos Estados Unidos, onde residiu por 20 anos. É artista plástico e tem contatos importantes no exterior. Sua presença neste “Caminho das Artes” é de grande importância para a divulgação de nossos artistas. Na inauguração escutamos as palavras de Hamilton e da fotógrafa Heloisa Oliveira, que expôs fotos do Butão. Ambos tiveram grande experiência fora do Brasil e isto também é um enriquecimento para todos nós. Em junho ele participará de uma exposição em Nova York, levando também obras de artistas mineiros. No dia 9 de junho ele inaugurou uma exposição no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte.

À tarde, na mesma Avenida Canadá, artistas jovens contemporâneos se reuniram no JACA (Centro de Arte Contemporânea) situado no mesmo quarteirão das duas outras galerias. A proposta do JACA é trazer artistas de fora para ali fixarem residência por 2 meses, desenvolvendo trabalhos inéditos que aproximam os povos através da arte. Frequentemente suas portas se abrem para estudos e palestras culturais. Dirigido por Francisca Caporali, o JACA foi todo enfeitado de bandeirinhas coloridas, para festejar o aniversário de seu filho Gabriel, meu bisneto de 2 anos. As crianças que ali estiveram  são filhos de artistas e estavam se divertindo com os balões e os pula- pulas.


A arte nos remete à nossa própria infância. As melhores lembranças que eu tenho da minha infância são as festas de aniversário. Elas me conduziram para o caminho das artes.

*Fotos de Marcelo Coelho e Beatriz Lemos de Sá.

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

INTEGRAÇÃO DE DOIS GRUPOS MUSICAIS

No domingo, 5 de junho, assisti à integração de 2 grupos musicais, Quebra Pedra e Agua Luz. O objetivo de fundir os 2 grupos num só espetáculo, resultou numa harmonia perfeita, um exemplo a ser seguido por outros grupos de arte, inclusive pelos artistas plásticos. Unidade na multiplicidade é a tônica do Século XXI e estes jovens músicos estão abrindo o caminho dentro da arte, da quebra do ego e da competição para alcançar a luminosidade do coletivo. Parabéns pelo espetáculo. Todos nós que estávamos na platéia percebemos emocionados que algo de novo estava acontecendo.

Com grande sucesso, o cantor, compositor e flautista Alexandre Andrés, juntamente com os músicos Gustavo Amaral e Luiz Gabriel estrearam no dia 20 de maio, na Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, o show “Terra das Laranjeiras”. Com um repertório exclusivamente autoral, cada um dos três jovens compositores dedicou uma composição a alguém. Alexandre dedicou uma de suas composições a sua avó, Maria Helena. Intitulada “A Voz de Todos Nós”, transcrevo a letra criada pelo poeta Bernardo Maranhão: 

A Voz de Todos Nós
(Alexandre Andrés – Bernardo Maranhão – dedicada a Maria Helena Andrés)

“Sombra de mímica dança enlaçando a nudez
Tango sonâmbulo, peso de um passo a caminho dos pés
Dando espaço ao tempo, o tempo passa bem (2x)

Feito relâmpago antecipando o trovão
Feito libélula irradiando os azuis do verão
Sinto sussurrar a voz do coração (2x)

Lágrima límpida, corre no canto do olhar
Lâmina lúcida, brilho do lírio no lago ao luar
Tão comum, a dor e o bem de cada um (2x)

Página pálida, margem da imaginação
Letra de música, risca da quilha nas ondas do som
Traz pra minha voz a voz de todos nós
Faz de minha voz a voz de todos nós

Um silêncio por dizer (-)
um remanso, um bem querer (-)
uma pausa plena

Dentro da árvore_um bando de passarim (-,- - -)
Cantoria(-), nuvens douradas (;)entre o céu e a serra

(;)flor do pântano, terra dos tuiuiuis
Fim de mundo (-), lugar propício, (;)faz do fim o início”

Foi com muita alegria que me foi possível receber este presente de meus netos músicos, já que considero a todos como netos. A tradição musical da família se estende para o futuro levando a mensagem de amor a todos que acreditam nesta grande missão da música em nosso Planeta. Alexandre é também membro do grupo instrumental Diapasão, como flautista e compositor com quem. No segundo semestre de 2011, estará lançando o seu primeiro CD com este grupo.

Alexandre Andrés com o seu CD autoral de canções, intitulado "Agualuz", lançado pelo Projeto Natura Musical no ano de 2009, recebeu críticas de importantes músicos e jornalistas, tais como:
"Alexandre Andrés, mineiro de BH, de apenas 19 anos, estréia de forma fulminante em "Agualuz". O disco independente ganhou tiragem ampliada por ter sido selecionado no edital do projeto Natura Musical, junto com a turnê de lançamento. Ele toca violão e canta no disco as músicas que compôs com o poeta Bernardo Maranhão, mas também é responsável pela densa polifonia dos arranjos. Alexandre domina vários estilos da MPB, alguns entrelaçados como a vertiginosa Romanceada. A prosa arquitetônica de Guimarães Rosa perspassa o enredo de forma explícita (Rosa) ou implícita (Névoa-nada, Margem da Terceira Rua). Mônica Salmaso legitima as escalas enviesadas de Cadência, Regina Amaral pavimenta o piano da ecoante Uirapurú, e André Mehmari pontua Revoar.  Requinte puro." (Tárik de Sousa – Jornal do Brasil, 23/10/2009)

Sobre o CD “Agualuz”, o crítico musical Ailton Magioli escreveu: “Dono de trabalho surpreendente, diante da sua faixa etária, Alexandre Andrés explora em sua música melodias e harmonias dignas da tradição mineira, casada com uma poesia que prima por rigor e qualidade nem sempre perceptíveis na música popular” (O Estado de Minas, 21/11/2008).
“I enjoyed listening to Águaluz” “I thought the level of musicianship was very high and it made me smile”
(Michael Riesman, diretor musical do compositor norte americano Philip Glass, – Sobre o CD Águaluz de Alexandre Andrés)
“...o Alexandre é um jovem extremamente talentoso. Quando ouvi sua música, por primeira vez, senti ali um grande frescor... pude notar ali, claramente, a 'voz' de um compositor...” (André Mehmari, SESC Instrumental/TV SESC).

*Fotos de Artur Andrés