domingo, 14 de agosto de 2011

DIALOGANDO COM FRANCISCO JARAUTA

Grandes mudanças do século XX aconteceram nas décadas de 1960 e 1970 quando o mundo das comunicações despontou, propiciando a formação da sociedade informatizada. Para discutir essas mudanças o Festival de Inverno da UFMG, que aconteceu em 2011 em Diamantina, Cataguazes, Belo Horizonte e Inhotim, convidou palestrantes atualizados com o espírito da época, que enriqueceram e despertaram os jovens para a grande síntese que está acontecendo no planeta.

A proposta do Festival de Inverno de 2011 foi “discutir a nova configuração da arte, da cultura e do conhecimento a partir da perspectiva das cidades”. Francisco Jarauta, famoso filósofo, antropólogo e historiador espanhol, foi convidado pela UFMG para pronunciar palestras sobre o tema. A grande competência do filósofo, sua facilidade de expressão, abriram campo para reflexões nos diversos grupos de estudantes e professores que tiveram a oportunidade de ouvi-lo. A sua passagem por Minas Gerais foi coroada de sucesso, levando às suas conferências um publico jovem, interessado no pensamento da cultura contemporânea. Jarauta fala espontaneamente e sempre acrescenta ao seu pensamento as experiências do momento, do aqui e agora. Este instante presente incorporado ao passado constitui a grande riqueza do século XXI onde a integração e a síntese se fazem presentes.  A palavra de Jarauta é fluente, cheia de força e convicção, sem ser dogmática. Com grande espontaneidade criativa ele consegue atrair as pessoas que acompanham com atenção o seu pensamento.

Jarauta abordou em suas palestras a relação da arte com as novas tecnologias, as cidades e as microutopias. Um mundo sem fronteiras se abre diante de todos nós. Já não existe no momento a separatividade imposta pelos donos da verdade. A verdade está dentro de cada um de nós e é despertada no momento certo, no agora de cada um. É aí, nesse momento, que o novo se manifesta com toda a intensidade.  Na fala de Jarauta, o novo vai surgindo a cada instante e trazendo luz para novas associações. Ele convida o público a participar de sua palestra, abrindo o espaço para o diálogo.

Recentemente Jarauta foi o curador de uma exposição de Matisse, que aconteceu em Granada, e me presenteou com um livro Matisse y La Alhambra onde, além de escrever o prefácio, colabora com um capítulo onde  estuda a influência do Oriente sobre Matisse, dentro de uma visão filosófica e antropológica. Em Alhambra, na Espanha,  Matisse encontrou ressonância com a sua sensibilidade e uma série de quadros nos mostra o seu entusiasmo pelos arabescos, florões e odaliscas. A influência árabe desponta em suas telas, no colorido exuberante, na sensualidade e poesia das formas. Alhambra é um pedaço do Oriente no coração do Ocidente e continua influenciando artistas e historiadores da arte.

Durante sua passagem por Belo Horizonte, tive o privilégio de receber Jarauta em minha casa e também a alegria de mostrar-lhe os meus pequenos desenhos, feitos na década de 50, que hoje estão sendo ampliados para diversas releituras. Integração e síntese são o que pretendo realizar no momento, e as palavras de Jarauta me deram ânimo para continuar minha pesquisa atual.

Assim se expressou Jarauta em sua mensagem pela internet: “Seus trabalhos mostram com grande sensibilidade e inteligência um caminho e experiência própria sobre a arte e sua própria linguagem. Que prazer tão imenso ter compartilhado a tarde em sua casa, um ateliê pleno de vida e magia. É tão admirável ver seu trabalho, suas viagens, suas idéias e princípios, sua concepção da arte.”

*Fotos da internet, de Marília Andrés e Tatiane Lutkenhaus

VISITE TAMBÉM O MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA

Nenhum comentário:

Postar um comentário