terça-feira, 22 de novembro de 2011

ARTE E EDUCAÇÃO E O PENSAMENTO DE JOSEPH BEUYS


No despertar do século XXI, a proposta da arte como desenvolvimento humano torna-se prioritária. Refletindo o acelerado das manifestações artísticas que se desenvolveram no tumultuado século XX, podemos fazer uma reflexão de como esse processo planetário surgiu e também como se encadeou em seqüência até o século XXI.
Jean Cassou, o famoso crítico de arte europeu, previu uma mudança total nos valores estéticos a partir da segunda metade do século XX. Menos estética, mais ética, foi o lema da xxx Bienal de Veneza.
 Inconscientemente, impulsionados por uma necessidade planetária de evolução e abertura de consciência, a energia da criatividade foi conduzindo artistas e professores de arte a dedicar sua atenção ao despertar do mundo interno da criança e do adulto, através de todas as formas de expressão artística – dança, musica, artes plásticas etc: “Arte não se ensina, desperta-se, orienta-se”. Cada instante criador corresponde à intensidade de um momento de vida. Ele é o esquecimento do passado com todo o acumulo de conhecimentos e o despertar do presente em plenitude e riqueza? O ato de criação é um ato de presença. Criar é viver no presente. Neste aqui e agora, estão contidas nossas vivencias individuais, enriquecidas das vivencias do mundo a que pertencemos. Esse mundo está conosco, não podemos nos separar dele. O momento criador, quando vivido intensamente, é um retorno à Unidade Inicial. É, portanto, um momento de intensa alegria. Por meio da intuição, as idéias se harmonizam. A intuição é a claridade que vem de dentro de nós mesmos e não buscada fora, em ensinamentos. Desperta num momento inesperado, quando se transcende o pensamento lógico.
O pensamento divide, separa, organiza. Ele é necessário para a organização final das idéias que surgem espontaneamente. O pensamento está ligado ao passado e por isso não pode iluminar os caminhos do futuro.
Criar não é repetir o que se fez, mas acrescentar algo novo, transmutar condicionamentos enraizados, propor idéias. A presença do mestre incentiva a criação.
 O mestre autêntico não é aquele que julga segundo suas inclinações e preferências, mas é aquele que, de maneira desinteressada, compreende e conduz o aluno. Ele não traz valores fixos a decretar: desperta valores novos ao contato de sua presença, de seu estímulo.
Segundo essa orientação artística, o aluno não visa apenas ao recebimento de um simples diploma ao final de um currículo, e sim à vivência de uma formação estética que não termina no período de aprendizagem, mas que se prolonga por toda a vida.
Joseph Beuys, cuja obra foi exposta na Galeria do Instituto Tomie Otake em São Paulo, foi um dos fundadores do movimento dos verdes e revolucionou o ensino de artes, com suas idéias de extensão da arte à vida.  
Beuys nos legou o conteúdo fundamental da sua mensagem artística:
-"Cada homem é um artista - a estética é o ser humano";
- "Deve haver uma relação entre o criador e o que usufrui -viver é criar com
e para a humanidade".
-"Conceito ampliado de arte -arte é a vida".
-"Deus e o mundo são arte -arte é ciência e ciência é arte".
-"O uno é o múltiplo e o múltiplo é o uno."
Nestes simples aforismos, explicita-se a sua filosofia de arte e de vida.
Por isso Beuys considera que "a criatividade não é monopólio das artes. (...) Quando eu digo que toda a gente é artista eu quero dizer que cada um pode concentrar a sua vida nessa perspectiva: pode cultivar a artisticidade tanto na pintura como na música, na técnica, na cura de doenças, na economia ou em qualquer outro domínio... A nossa idéia cultural é muitas vezes redutora. O dilema dos museus e das instituições culturais é que limitam o campo da arte, isolando-a numa torre de marfim . O nosso conceito de arte deve ser universal, terá que ter uma natureza interdisciplinar com um conceito novo de arte e ciência" (1979 - entrevista com Franz Hak).

*Fotos da internet

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