terça-feira, 22 de novembro de 2011

A NATUREZA MORA AO LADO

O Jardim Canadá é um bairro pertencente a Nova Lima, embora diste dezesseis quilômetros da sede do seu município e apenas dez da borda sul de Belo Horizonte.
         O Canadá é fruto de um loteamento sem sucesso da década de 1950, que começou a ser ocupado informalmente nos anos 70.
         Hoje, tem cerca de sete mil habitantes, que dividem suas atividades entre mineração, indústrias várias, comércio e prestação de serviços nos condomínios vizinhos.
         Roberto Andrés e Fernanda Regaldo se propuseram a fazer um livro depoimento sobre a vida deste pequeno bairro. Saíram os dois fotografando e dialogando com o povo.
         O resultado foi um documentário que inclui fotos, depoimentos e vai nos mostrando a vida de um povo simples, uma vida muitas vezes semelhante à das cidades do interior de Minas, com suas festas populares e igrejas variadas, católicas e protestantes.
         Roberto e Fernanda se misturaram com o povo, como eu fiz na Índia e no Vale do Jequitinhonha.       Ali também eu levava um caderno de anotações e um de desenho, para registrar o “aqui e agora” do povo.  A arte, quando se estende para a vida, vai mostrando o novo que surge a cada instante.
         As crianças fazem seus próprios brinquedos e se divertem com espontaneidade e criatividade. 
         Acompanho as imagens e vou também refletindo sobre os textos. As ruas tem nomes da realeza inglesa - Rainha Elizabeth, Príncipe Charles, Princesa Margareth. O próprio nome do bairro nos remete ao Primeiro Mundo - Jardim Canadá - e as ruas continuam lembrando os países do norte - Rua Alaska, Rua Paris, Rua Hudson, Av. Mississipi e muitas outras, escolhidas pelos próprios moradores.
         O livro nos mostra a criatividade dos moradores do bairro, com um belo documentário de fotos.
         Continuo observando as imagens.
         O olho do fotógrafo é o olho do artista plástico, que seleciona o detalhe, e este pequeno detalhe tem vida própria, como a composição de um quadro.
         Cada detalhe é um quadro e, de surpresa em surpresa, vou folheando o livro. Saber escolher um detalhe da paisagem, enxergar formas e cores, agrupá-las de uma certa forma é o trabalho constante do paisagista. Aprendi com Guignard a visualizar detalhes com um pequeno orifício recortado na cartolina.
         O fotógrafo faz o mesmo com sua câmera: seleciona, corta, aumenta, diminui. As possibilidades das câmeras são imensas, o importante é educar o olhar para perceber o novo no cotidiano, descobrir a beleza de um muro azul combinando com um monte de areia branca, ou outro muro de tijolos enriquecendo a composição.
         Os jardineiros vão trazendo plantas para enfeitar os “Galpões de Eventos” que celebram casamentos, aniversários, formaturas, batizados, bodas, confraternizações e festas promocionais.
         As plantas enfeitam as festas e o povo vem de Belo Horizonte para participar dos eventos. Há também aqueles que vem do Rio e São Paulo de avião para assistir alguma cerimônia neste Jardim Canadá tão cheio de contrastes.
         O livro documenta a vida de um povo heterogêneo, vindo do nordeste e de outras regiões do Brasil, que veio morar nesta região próxima à cidade de Belo Horizonte, junto à Serra da Calçada.

*Fotos de Roberto Andrés e Fernanda Regaldo
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