segunda-feira, 28 de maio de 2012

domingo, 20 de maio de 2012


EM BUSCA DO SER INTERNO



Uma das características mais pronunciadas da civilização oriental é a busca de uma Realidade Interior, de um plano espiritual de vida que reúne todas as coisas numa Totalidade.
O oriental procura através da religião, da filosofia ou da arte, a integração do homem à natureza e ao cosmos, buscando encontrar além do tempo e do espaço o valor intrínseco das coisas. Para isto serve-se de guias, mestres e filósofos. Alguns renunciam à vida familiar, recolhendo-se às comunidades espiritualistas ou ashrams. Outros aproximam-se da natureza, buscando no silêncio das florestas ou no interior de grutas afastadas a resposta para suas indagações. Há também aqueles que aperfeiçoam-se como chefes de família, transmitindo aos filhos os ensinamentos dos mestres.
Buscam o encontro com o Ser Interno através da meditação e do auto conhecimento. Essa realidade interna quando reconhecida liberta a mente das inquietações provocadas pela agitação do mundo. A tranqüilidade mental visada por toda a filosofia do Oriente, não conduz à apatia, mas à serenidade do homem superior.
O desenvolvimento interior é o esquema de conduta, estimulado através dos séculos pelas diversas religiões orientais, cujos fundamentos levam a uma visão cósmica da Verdade. A noção de liberdade está na base desse desenvolvimento interior, dessa evolução para um plano superior de existência, onde o espírito liberta-se das ligações terrestres para se integrar à Essência Criadora de todas as coisas. O homem realmente integrado é aquele que se liberta não somente do conforto material, mas também da ambição, egoísmo, inveja, ciúme e todos os impulsos negativos que encobrem a Realidade Interna, como uma nuvem escura encobrindo o sol. Para nós, ocidentais, acostumados ao progresso material, à concorrência e à competição, essa atitude nos parece estranha e profundamente apática. No entanto, ela nos desperta para outros aspectos da vida e nos mostra o caminho aberto a um progresso necessário ao equilíbrio do homem do século XXI: o progresso espiritual e a descoberta da sua origem divina.

Há várias técnicas de meditação, variando de acordo com as necessidades dos discípulos, mas todas levam ao mesmo ponto: o estado de atenção necessário a uma plena consciência das coisas. Todas insistem no não pensamento. Sentir, olhar e perceber o presente sem interferências do passado ou do futuro. Os nossos sofrimentos vêm de nós mesmos, dos nossos conflitos mentais e do acúmulo de imagens conflitivas na mente. Quando aprendemos a olhar a mente de forma direta, quando a esvaziamos por completo, percebemos um estado de Serenidade e Paz, que seria o estado natural do ser humano.
O caminho do meio, pregado por Buda há 2.500 anos, conduz a um estado de alegria sem excessos e à Felicidade a que tem direito a pessoa durante o seu curto tempo de permanência na terra. Mas, de um modo geral, esse tempo é gasto em várias atividades e somente poucas pessoas se aproximam da beleza desses momentos como um privilégio especial. Os ensinamentos dos lamas, quando se referem à observação dos próprios pensamentos, assemelham-se às instruções de Krishnamurti. “Olhe dentro de você mesmo, observe os movimentos de seu ego, suas reações à vida diária.”
Quando tomamos consciência de que tudo está na nossa própria mente, quando compreendemos como surgem, permanecem e acabam os nossos pensamentos, sentimos que eles são realmente os geradores de todos os nossos altos e baixos. O momento presente é sempre belo e cheio de luz. Somos nós que criamos a nossa própria dor.

*Fotos de Vânia Trindade e Marília Andrés

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sexta-feira, 11 de maio de 2012


FLORESTAS


 Maurício me enviou o texto abaixo, dando continuidade à postagem “Oásis Terra.”

“Florestas e árvores são grandes aliadas de quem precisa de água, ou seja, de todos nós. Ao regular o clima, absorver gás carbônico e ajudar na infiltração da água no solo, as árvores e as florestas realizam processos vitais e prestam valioso serviço. A erosão nos solos e o escoamento superficial de água em áreas sem cobertura vegetal é muitas vezes maior do que aquela que ocorre em áreas protegidas por vegetação.  Com o desmate, os rios são assoreados e há perda de qualidade das águas, a redução dos lençóis subterrâneos, a perda de solos.
Na ausência de florestas, necessita-se de mais obras estruturantes  e há menor segurança hídrica. Assim, por exemplo, quando o desmate e mau uso do solo prejudicam a qualidade da água, as empresas de saneamento passam a gastar mais com produtos químicos no tratamento de água, pois a vegetação filtra metais e matérias em suspensão na água, reduzindo a necessidade de tratamento. Os mais penalizados por esses custos são as populações mais pobres e vulneráveis. Preservar os serviços ambientais prestados pelas arvores e florestas é, portanto, também uma questão de justiça social e de equidade.
No Brasil, serviços de regulação do clima são prestados em escala macro pela floresta Amazônica, sobre a qual chove a umidade vinda do oceano Atlântico. As árvores bombeiam de volta à atmosfera uma parte dessa umidade, que chove novamente sucessivas vezes em direção ao oeste. Ao encontrar a barreira da cordilheira dos Andes, esse ar carregado de umidade, em verdadeiros rios voadores, se dirige para o sul, umedecendo o centro-oeste e o sudeste brasileiros. Não fosse essa umidade, o clima nessas regiões seria muito mais seco e possivelmente haveria desertos. Sem a floresta amazônica, a agricultura no Brasil central e do sudeste será seriamente prejudicada.  Antonio Donato Nobre (No vídeo Tem um rio em cima de nós, no YouTube http://www.youtube.com/watch?v=HYcY5erxTYs&feature=player_embedded) nos ensina que a Amazônia pode ser vista como usina de serviços ambientais que realiza gigantescas transferências de energia, ao promover a evaporação de 20 bilhões de toneladas de água por dia, sendo um poderoso motor do clima global. Caso esse volume de água tivesse que ser evaporado por aquecimento, seriam necessárias 50 mil usinas do porte da hidrelétrica  de Itaipu.
Culturalmente, a floresta é vista como algo sujo, a ser extirpado. As expressões da língua revelam tal tipo de pensamento: limpar o mato, visto como sujeira; campo limpo e campo sujo significam respectivamente uma área sem vegetação e uma na qual a vegetação tenta se regenerar; quebrar o galho não é um ato negativo de destruição da vegetação, mas uma forma de ajudar um amigo. Até mesmo os quintais urbanos são cimentados, pois a vegetação é vista como um estorvo que dá trabalho para  limpar, que atrai bichos e doenças. Nessa visão cultural, vegetação, mato e floresta são sujeiras a serem removidas. Ainda não se valoriza suficientemente o fato de que as florestas prestam serviços ecossistêmicos, tanto em escala macro como em escala local.
Uma mudança de percepção cultural sobre a natureza, as águas e as florestas é necessária para que o comportamento em relação ao ambiente passe a ser mais amigável e menos agressivo. A valorização dos serviços ambientais prestados pelas florestas e árvores, bem como a valorização da água como algo essencial à vida, são atitudes positivas. Árvores e florestas são aliadas do ser humano na gestão das águas do oásis Terra.

Maurício Andrés é autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia WWW.ecologizar.com.br

*Fotos de Euler Andrés e Luciano Luppi

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