quinta-feira, 25 de abril de 2013


ALEXANDRE ANDRÉS, O MÚSICO


Alexandre Andrés formou-se em música pela UFMG em dezembro de 2011. O tempo passou numa velocidade incrível. Lembro-me de Alexandre pequenino, tocando flauta no meu aniversário em casa de Marília. Tocou uma peça de Mozart, acompanhado por Artur,seu pai, diante de  uma platéia emocionada. “Este menino vai longe”, escutei alguém comentando.
Hoje Alexandre realiza concertos em várias cidades do Brasil e para sua formatura planejou uma programação de alta qualidade que, segundo Maurício Freire,diretor da escola de Música  e professor de Alexandre, poderia ser apresentada em qualquer teatro do Mundo.
Alexandre escolheu para seu repertório de formatura  compositores eruditos e também composições de sua autoria, algumas ainda inéditas. Participamos de uma viagem no tempo, do barroco de Vivaldi e Bach até as composições contemporâneas de sua própria autoria.
A flauta foi abrindo caminho por diversas épocas da história da música e nos conduzindo até os dias de hoje. Para a apresentação o jovem Alexandre reuniu uma equipe de jovens de 20 e poucos anos, que traduziram o momento em que vivemos: música contemporânea da melhor qualidade, permitindo mostrar a capacidade dos jovens de executar com a mesma espontaneidade tanto o barroco quanto os sons do século XXI. Eles nos mostraram cada vez mais a necessidade da música para a harmonização do planeta.
Um estúdio rural
Artur e Alexandre projetaram este pequeno estúdio, todo feito de bambu. O bambu foi usado na cobertura do imenso salão.  Agora vejo o bambu como isolante de sons, protegendo as paredes dos diversos módulos da gravação. Fui visitá-los para ver os músicos gravando o CD de músicas autorais de Leonora Weissman e Rafael Martins.
Nos três módulos, instrumentos musicais, microfones, computadores. Os jovens estavam atentos e silenciosos, olhos e ouvidos para os detalhes da música, nada passava desapercebido. Eu, como visitante, via cores que se acendiam e apagavam nos computadores, como telas concretistas em movimento.
Alexandre Andrés me deu o depoimento abaixo:
"Temos uma produção musical muito grande e precisamos  registrar essas músicas. Se dependermos de estúdios ou das leis de incentivo, os projetos não teriam continuidade. Aqui na fazenda foi construído um pequeno estúdio que preenche a necessidade de colocação de nossas músicas. Escolhemos este lugar por ser afastado dos movimentos da cidade. Há duas janelas acústicas dando para uma mata e nos intervalos das gravações, respiramos olhando o verde em frente e o lento caminhar das vaquinhas no campo. Há  também o coaxar dos  sapos que parecem escutar os ensaios". No meio das gravações, atendemos a um chamado aflito de Leonora:
“Uma vaca caiu no buraco!"
Todos pararam de gravar para retirar a vaquinha. Neste ambiente de integração com a natureza, Alexandre e Artur realizam um trabalho de grande originalidade.
A arte, nascida do encontro do homem consigo mesmo, em comunhão com a natureza, é uma arte universal, sem fronteiras. Ela nos  mostra o retorno às origens, em seus múltiplos aspectos, em diferentes regiões do planeta, uma unidade de essência que o tempo e a distância não conseguiram modificar.

*Fotos de Alexandre Andrés e Leonora Weissman

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segunda-feira, 1 de abril de 2013


ARTE E EDUCAÇÃO II


Para nos compreendermos como uma síntese do universo, devemos começar com a educação de todas as potencialidades contidas em nosso corpo, de nossos movimentos e vibrações mais sutis. Somente correspondendo à grandeza do mecanismo de nosso próprio corpo, de nosso psiquismo e de nossa mente com todo o seu potencial, poderemos alcançar a realização de nós mesmos como seres humanos, vivos e habitantes de um planeta. A verdadeira paz “em escala planetária”  brota espontânea desse conhecimento de nós mesmos. Só então seremos livres e poderemos repetir como o oráculo de Delfos: “Conhece-te e sê livre”.
Muitas pessoas não sabem qual profissão seguir; as práticas de autoconhecimento, a reflexão e a observação constante dos “sinais da vida”, ou seja, estar atento ao fluir dos acontecimentos e às respostas que eles nos trazem, podem ser úteis nesta descoberta. Se aprofundarmos o nosso conhecimento profissional, melhoramos a qualidade do trabalho; mas, para que não sejamos “especialistas fragmentados”, poderíamos enriquecer nosso dia a dia também com atividades diversificadas. Essas, além de despertarem potencialidades dentro de nós, nos harmonizam, possibilitando até um maior rendimento no trabalho. Atualmente, os artistas estão compreendendo que o desenvolvimento de suas aptidões artísticas não se destina apenas a apresentações públicas e ao reforço do ego, mas ao trabalho muitas vezes anônimo de ajudar os outros a criar. A evidência de tais acontecimentos eleva o conceito da arte para um plano superior, onde ela encontra a reeducação do ser humano como princípio básico. Antes, as pessoas só procuravam cursos de arte quando pretendiam seguir uma carreira profissional. Hoje, essas atividades também são consideradas como forma de harmonização do ser humano, além de despertar o lúdico e a alegria de viver. Promovem não só o equilíbrio do indivíduo, mas também a melhoria de seu relacionamento com outras pessoas e com o mundo à sua volta.
A partir do momento em que as pessoas reconhecem seus dons e talentos e os desenvolvem partindo da própria essência, elas se realizam e passam a respeitar os outros e a admirar as diferenças que existem em cada uma delas. Isto contribui naturalmente para transformar atitudes de competição em cooperação e revalorização do trabalho em equipe.
Num mundo globalizado, onde os valores econômicos são colocados de forma prioritária, a arte pode parecer desnecessária. Porém cabe justamente a ela o grande papel de harmonizadora de conflitos internos, vindo a influir mais tarde nos conflitos externos da sociedade. Para haver a harmonização do ser humano, torna-se necessária a união dos opostos, razão e intuição, o equilíbrio do lado esquerdo e direito do cérebro. Também para a harmonização do planeta, torna-se necessário o equilíbrio dos seus lados esquerdo e direito, que correspondem à razão do mundo ocidental e à intuição do oriental.
A identificação do artista ou artesão com esse sentimento universal produziu, desde épocas remotas, obras de arte que permanecem no tempo, com a vitalidade do momento criador. Sentimos esta energia espiritual na arte dos povos primitivos, nas esculturas egípcias, na arte pré- colombiana, na arte cristã e na oriental. O gesto do artesão anônimo esculpindo a pedra ou trabalhando a madeira era cheio de temor diante do invisível. Sintonizando o movimento da mão com o movimento da alma, o artista ou artesão integrava-se ao universo, associando a criatividade ao impulso místico. Sua arte expressava o individual e a profundidade do sentimento universal. Acompanhando a evolução da arte ao longo da história, podemos ver a importância da espiritualidade estimulando a criação artística, desde as mais remotas civilizações. Lidando com a terra, a água e o fogo, os artesãos se aproximam da essência do ser humano, tocando, às vezes, os mesmos símbolos e arquétipos que inspiraram outros artesãos em diferentes partes do mundo.

Finalizando, podemos dizer que a arte estendida à vida é a resposta que diversos grupos de pessoas estão dando a um chamado cósmico de evolução do planeta.

Fotos de Ivana Andrés

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