sábado, 20 de julho de 2013

MEIO AMBIENTE E EVOLUÇÃO HUMANA

Maurício Andrés chegou recentemente de São Paulo, onde lançou o livro Meio Ambiente e Evolução Humana. Publicamos abaixo sua entrevista para este blog:
Em que contexto foi publicado seu novo livro?
“Meio Ambiente & Evolução Humana é título de livro publicado pela Editora SENAC em 2013, que integra a Série Meio Ambiente, coordenada por José de Ávila Aguiar Coimbra. Ele foi lançado no dia 7 de junho em São Paulo, juntamente com outros cinco livros da série, que trataram sobre meio ambiente e Escola, Economia, Química, Teologia e Botânica. Houve duas mesas redondas coordenadas pelo professor Ávila e um coquetel na Livraria Martins Fontes, na Avenida Paulista.”
 Como  e onde teve origem esse livro?
“Este livro começou a nascer quando fui estudar na Índia como pesquisador visitante do CNPq, no Instituto Indiano de administração em Bangalore, há 35 anos. Tomei contato, então, com a obra de Sri Aurobindo e com sua concepção do ser humano como um ser em transição. Ele abordou a jornada humana a partir da perspectiva evolucionista. A Índia é uma civilização movida por valores espirituais, pela cultura védica milenar, e cuja cosmologia estimula comportamentos amigáveis em relação ao ambiente. Ali se aplica o principio da não violência, usado por Gandhi na luta pela independência e estendido ao mundo animal; o vegetarianismo; a ioga com a consciência do corpo e as posturas corporais (asanas) e consciência da respiração (pranayama). A psicologia é refinada e aceita a existência de níveis superiores da consciência: para cada palavra de psicologia em inglês há 4 em alemão e 40 em sânscrito. A civilização indiana tem grandes contribuições a nos oferecer para o entendimento mais integral do ser humano, como indivíduo, população e espécie.”
 Qual a importância de ter uma visão integral da ecologia?
 “Desde que me formei em arquitetura, envolvi-me com temas ambientais. A partir da década dos anos 90, fui gestor ambiental municipal, estadual e depois nacional.  Nesse processo, inspirei-me na obra de Pierre Dansereau, botânico e geógrafo canadense, que tinha uma cosmovisão abrangente das questões ecológicas. Eu dedico o livro a ele, um de meus grandes gurus nesse tema. Eu também me inspirei na abordagem de Pierre Weil, psicólogo que criou a Unipaz, que teve uma visão integradora das ecologias e que reconhecia a importância da ecologia interior.”
Como se pode abordar o tema da corrupção a partir do enfoque ecológico?
 “Um dos textos aplica a abordagem ecológica ao tema da corrupção. Os corruptores são predadores que tratam a sociedade como sua presa; são parasitas que sugam a sociedade que os hospeda e nutre. Há na corrupção, relações ecológicas desarmônicas de parasitismo e de predação.”
 Por que focalizar o tema da evolução humana?
 “O livro nos situa no período antropoceno da história da Terra, no qual nossa espécie é a dominante. Em seguida focaliza o homo sapiens, esse ser que produz grandes transformações no planeta. Suas motivações, interesses, desejos, emoções, sentimentos e afetos, além de pensamentos, movem suas ações. O livro examina alguns dos papeis que essa espécie tem hoje na evolução, da qual se tornou co-gestora. Procurei focalizar a ecologia do ser numa visão integradora.
Em seguida o livro focaliza a ecologia do ser, procura compreender o ser humano, como espécie, a partir da abordagem ecológica. Fala sobre o nosso corpo, que é ele próprio um ecossistema no qual vivem bilhões de micro organismos – vírus, bactérias, fungos etc. Fala da interação entre corpo, mente emoções e como cada um deles influi sobre os demais. Em seguida fala sobre a consciência, visões orientais ocidentais. Aqui novamente me inspiro nos conhecimentos que aprendi na Índia, especialmente na raja ioga e com Sri Aurobindo, com a ioga integral, uma forma de alterar estados de consciência. E também faço referencia à noosfera de Teilhard de Chardin, à noodiversidade – a diversidade de estágios e níveis de consciência e a noética.”
 O que é a consciência ecológica?
 “O livro trata da consciência ecológica, como um estado de consciência que nos faz vivenciar a unidade do ser com o ambiente. Fala sobre o mito da sustentabilidade- no sentido que lhe dá Joseph Campbell, de um mito unificador necessário para convergir energias e motivações humanas. E novamente traz conhecimentos sobre a cultura ecológica na Índia, baseada em valores e que se reflete em comportamentos e seus impactos no mundo físico e material.”
 Qual a importância do autoconhecimento?
 "Ó espécie humana, conhece-te a ti mesma e conhecerás o ambiente e o universo em que vives". Essa máxima resume o espírito do livro. O autoconhecimento é um recurso valioso que pode nos ajudar a lidar com as circunstancias desse momento de crise ecológica e de crise da evolução.”

(Maurício Andrés é autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia - www.ecologizar.com.br / ecologizar@gmail.com)

*Fotos de arquivo

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