quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014


RAÍZES ECOLÓGICAS DAS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS

O artigo abaixo é uma resenha de um artigo maior de Maurício Andrés (*),  publicado no caderno “Pensar” do jornal Estado de Minas em 1-2-2014.

Entre 2006 e 2013 ocorreram 843 protestos pelo mundo, em 87 países, na esteira dos desdobramentos da crise econômica e financeira global. Em 2012 e 2013 houve protestos no Brasil, na Turquia, no Egito, na Tunísia bem como revoltas na Espanha, Grécia, França, Estados Unidos.
Moisés Naim escreveu que os protestos na Tunísia, Chile, Turquia e Brasil revelam seis aspectos surpreendentemente semelhantes: pequenos incidentes se tornam grandes, os governos reagem mal aos movimentos, não há líderes ou cadeia de comando, não há ninguém nem grupo específico com quem negociar ou a quem prender, e é impossível prever conseqüências.Naim citou a observação de Samuel Huntington, segundo a qual, nos países em desenvolvimento, as demandas por serviços públicos crescem mais rápido do que a capacidade dos governos para satisfazê-las.
A radicalização e a polarização tornam-se métodos para se fazer ouvir, para se fazer enxergar, exigir cuidado, obter atenção.
Demanda-se mais transparência, mais justiça econômica e melhoria nos serviços públicos; mais justiça fiscal, mais trabalho e emprego, mais moradia. Demanda-se também mais liberdade de expressão, mais justiça ambiental e mais direitos para grupos indígenas, étnicos, das mulheres, de minorias como as LGBT, de imigrantes, de população carcerária. Reclama-se a reforma da previdência, pela reforma agrária e por outras reformas.
Os protestos de 2013 mostraram que há crise de representação política tanto em governos autoritários como na democracia representativa, que estaria falida. Muitas pessoas em vários países do mundo não se sentem mais representadas nem pelos representantes eleitos, nem pelos partidos políticos existentes. Os manifestantes perderam a esperança e a confiança na democracia representativa e nas instituições democráticas do modo como atuam. Há a percepção crescente de que os políticos não priorizam as demandas da população; há  frustração com a política usual. Protestou-se em toda parte contra a falta de democracia real, que impede que as demandas econômicas e sociais sejam atendidas.
Aos motivos mais visíveis e manifestados expressamente das insatisfações sociais é oportuno explicitar que em sua origem, muitas remontam a fatores ambientais e climáticos.
De acordo com Jared Diamond , em seu livro “Colapso”, o encadeamento de problemas que leva ao colapso começa com a sobrecarga no ambiente, o esgotamento de recursos e da capacidade de suporte, mudanças climáticas, tensão social, empobrecimento econômico, conflitos políticos e finalmente o colapso. A escassez e encarecimento dos alimentos, por exemplo, frequentemente têm origem em secas e eventos climáticos extremos, que tendem a se tornar mais intensos e frequentes. Muitas sociedades estão se tornando incapazes de relacionar-se, de modo duradouro, com a base física natural na qual vivem.Tal incapacidade depreda recursos naturais,  empobrece a base de riqueza natural, o que, por sua vez, resulta no empobrecimento econômico e no acirramento de conflitos políticos e sociais. Esses processos desagregadores provocam a decadência e o colapso. A cegueira e a surdez dos governantes decorre em boa medida da falta da compreensão sobre esses encadeamentos de problemas. A ecoalfabetização pode, portanto, ser um modo eficaz de reduzir esse déficit de entendimento.
Procurar compreender as raízes ecológicas profundas das insatisfações sociais, situá-las como sinais e sintomas de uma crise maior no contexto da evolução social e política da humanidade, pode ser valioso para  se participar ativamente ou como observadores conscientes nesses processos que se desenvolvem em nosso tempo.”

(*) Escritor, autor dos livros Ecologizar, Tesouros da Índia e Meio Ambiente & Evolução humana. www.ecologizar.com.brecologizar@gmail.com

*Fotos da internet

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domingo, 2 de fevereiro de 2014


DUAS MONTANHAS SAGRADAS

Machapuchre constitui um dos pontos mais altos dos Himalaias. Esse nome me fez lembrar Machu-Picchu no Peru.
Grande parte da população do Nepal mora em aldeias e trabalha no campo, onde planta trigo, mostarda, couve-flor e milho. As plantas estendem-se pelo vale ou vão subindo as montanhas em patamares verdes. Também os patamares assemelham-se ao sistema inca de agricultura no Peru.
 No passado, antes da submersão da Atlântida, as terras do Oriente e do Ocidente eram unidas, e, talvez venha daí a semelhança dessas palavras referentes às montanhas. Os símbolos eram também semelhantes e muitas vezes tinham o mesmo significado. Existem esculturas de serpentes           representando a energia de Kundalini, que podem ser encontradas na região dos Himalaias e também na Cordilheira dos Andes. As mandalas tibetanas irradiam a mesma energia da grande pedra do sol do calendário asteca e os símbolos fálicos são também comuns nessas duas regiões do planeta. A semelhança de comportamento, o aspecto físico, o modo de andar dos habitantes das montanhas, o uso das mãos no artesanato, os grandes xales onde as mães carregam os filhos às costas, nos dão testemunho de que o mundo é realmente uma única família. Não existe separatividade entre Norte e Sul, Leste e Oeste. O mesmo sol ergue-se sobre a terra, mas, quando nasce no Oriente está morrendo no Ocidente, para depois, ali renascer de novo, com toda a solenidade de um momento cósmico.

*Fotos da internet

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