quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A ARTE DE MARY VIEIRA


Foi guiada por um sentimento espiritual de busca da perfeição que Mary Vieira, artista brasileira, nossa colega na Escola Guignard, embarcou para a Suíça, há décadas atrás. Mary era movida por uma  necessidade interior de desenvolver sua capacidade criadora dentro da escultura concreta, que exige do artista a adesão completa à forma pura. A pureza na arte concreta é imprescindível. Talvez seja ela a ponte que liga a arte à ciência, à matemática e à física, penetrando também no plano onde elas se encontram com o espiritualismo inato do ser humano.
O caminho seguido por Mary foi o de buscar sempre a perfeição dentro da arte. Hoje seu nome é conhecido internacionalmente e suas esculturas integram jardins, praças e museus da Europa e das Américas. Pioneira do cinevisualismo plástico internacional, Mary Vieira realizou seus primeiros “Multivolumes”, estruturas concretas multicomponíveis à participação direta do espectador, quando ainda estudante da Escola Guignard, em 1947, em Sabará, Poços de Caldas, Lambari e na Bahia. Em 1948 ela construiu a primeira estrutura cinética monumental animada eletricamente: “Formas Rotatórias Espirálicas à Perfuração Virtual”, que foi executada em Araxá para o conjunto da Exposição Nacional das Classes Produtoras brasileiras.
Mary revela em suas esculturas uma possibilidade dinâmica do espaço-tempo. Seus polivolumes permitem ao espectador participar também do momento de criação e sentir-se de certa forma co-autor da obra de arte. Aí o sentimento lúdico funde-se com o sentimento estético e permite a criação de novas formas no espaço, sustentadas por uma estrutura básica. Encarregada de realizar uma escultura para o Instituto de Anatomia Patológica da Universidade de Basiléia, Mary dedicou 4 anos a esse monumental trabalho, realizado em aço inoxidável e denominado “Função de Forças Opostas”. Ali os elementos horizontais e verticais se conjugam e se movem, oferecendo várias formas de composição aos alunos que transitam no imenso salão. Os elementos, os polivolumes se movem nas mãos dos estudantes. A arte, para Mary, é o canal por onde flui espontaneamente o sentimento espiritual ao encontro do eterno. A sala de meditação do Instituto de Medicina Social de Bürgerspital do Cantão de Basiléia contém uma grande tapeçaria de Mary, baseada também na forma vertical e horizontal, símbolo da vida e da morte. Referindo-se a esse grande trabalho em tapeçaria tecida em lã crua, os críticos suíços comentam: “É a redescoberta da cruz, como forma primordial na sua gênese rítmico-estrutural. Duas linhas se põem em marcha, ao longo da parede, para encontrar a sua própria horizontal e a sua própria vertical. Uma cruz surge no centro como evento metacromático de cor verde. Uma linha se dissolve no curso do próprio caminho, no limite do espaço ambiental. Os dois elementos fundamentais deste mistério, a vertical e a horizontal, se isolam ao lado, preparados para construir-se dia a dia, em uma nova crucificação ininterrupta.”

*Fotos da internet


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