segunda-feira, 25 de abril de 2016


PIERRE WEIL E A UNIPAZ

Recebi de Maurício Andrés Ribeiro, o texto abaixo sobre o grande pensador holístico Pierre Weil.

“Pierre Weil era um conhecido professor da UFMG e psicólogo. Ele morava no Retiro das Pedras, fora presidente do condomínio e tentara implantar ali uma comunidade com sentido holístico. 

Um dos números da revista Análise e Conjuntura da Fundação João Pinheiro, de maio/agosto de 1988, traz um conjunto de textos sobre o Federalismo mundial, entre eles um artigo de Pierre Weil sobre “ A origem da fragmentação e suas soluções”. Naquele artigo ele dizia que “Quanto ao federalismo mundial, sou um dos que lutou e luta por ele. Sempre lutei por essas ideias. Mas aos poucos me dei conta de que isso era muito superficial.”  Ele já se dirigia, então , para o campo da ecologia interior e conta que, em dúvida entre se associar a um movimento pacifista ou evoluir em seu próprio autoconhecimento, optou por fazer um retiro de três anos na Europa com um grande mestre tibetano, aprofundando-se no estudo de suas próprias divisões e conflitos e na descoberta da natureza da mente.

O Governador do Distrito Federal, José Aparecido de Oliveira participou intensamente do I Congresso Holístico em abril de 1987. Em sua sessão de encerramento comprometeu-se a criar a Universidade Holística Internacional proposta por Pierre Weil e pelos organizadores do Congresso. O governador convidou Pierre para presidir a Fundação Cidade da Paz e este me chamou para participar da empreitada.

Ele escreveu que “Estamos aqui, nesta manhã, confirmando Brasília como plataforma para a eterna busca do homem nos caminhos de seu próprio mistério e do mistério do universo”. É uma universidade “para estudar o universo, o holos, o todo. Para construir pontes holísticas entre o saber antigo e a ciência moderna, entre o Oriente e o Ocidente, com a dúvida e a humildade que são as colunas-mestras do edifício da sabedoria. ” E prosseguia: “Esta cidade da Paz, esta Universidade Holística que hoje, aqui, concretizamos, nesta cidade-mãe do terceiro milênio nacional, nascida dos sonhos, angústias e esperanças dos que querem rasgar os mistérios do tempo, do homem e do universo, é uma contribuição fundamental para que Brasília se ponha, diante do saber, como se pôs diante da história: um salto, um mergulho no amanhã. ” Ele escreveu que “ Essa não é uma decisão, não é uma providência improvisada. Foi aqui em Brasília que, em março deste ano, se realizaram o I Congresso Holístico Brasileiro e o Primeiro Congresso Holístico Internacional, que aprovaram a “Carta de Brasília”, um documento de conteúdo e valor universal, que nos advertiu para a necessidade de nos tornarmos contemporâneos de nosso tempo, harmonizando nossa visão do universo e nosso mundo com a profunda evolução cientifica em marcha, com a nova epistemologia. ”

À tarde houve uma celebração musical e artística e o descerramento da placa da nova destinação da Granja do Ipê, que traz o preâmbulo do ato constitutivo da UNESCO: “Uma vez que as guerras nascem no espírito dos homens, é no espírito dos homens que devem ser erguidos os baluartes da paz.”

Durante esses anos, minha mãe, Maria Helena Andrés também colaborava com a UNIPAZ. Ilustrou capas da revista Meta; ofereceu workshops na Unipaz em Brasília, participou do Encontro das Dimensões, com Lutzemberger e Fritjof Capra. Doou um grande painel de sua fase cósmica, pintado em Minas e transportado num tubo de bambu para Brasília, instalado na sala Martin Luther King, na sede da UNIPAZ.

*Fotos de Maurício Andrés e de arquivo

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segunda-feira, 18 de abril de 2016


A CORRUPÇÃO SEGUNDO KRISHNAMURTI

Meu primeiro encontro com Krishnamurti aconteceu na Índia, em 1979, quando esse grande pensador indiano conhecido internacionalmente, falava para 5000 pessoas em Bombay, hoje denominada Mumbai, sudoeste da Índia.

Seus ensinamentos já haviam me tocado alguns anos antes, lendo seus livros “Liberte-se do passado” e “A primeira e última liberdade”. Krishnamurti falava para todos os públicos de diferentes idades.

Agora, através de um vídeo editado na Índia, ele aparece falando para jovens alunos de Rishi-valley sobre o tema “corrupção”. As palavras deste pensador sobre o tema “corrupção” nos ajudam a compreender e dão uma dimensão mais ampla a esse tema, hoje tão falado e discutido no Brasil.
Selecionamos alguns trechos desta palestra:

 “Há uma tremenda corrupção no mundo inteiro.
Enquanto houver o desejo de ganhar, obter, em qualquer nível, inevitavelmente haverá angústia, sofrimento, medo. A ambição de ser rico, de ser isto ou aquilo, se afasta apenas quando vemos a podridão, a natureza corruptora da ambição em si. No momento em que vemos que o desejo de poder sob qualquer forma – o poder de um primeiro ministro, de um juiz, um sacerdote, um guru – é fundamentalmente pernicioso, nós não mais vamos ter o desejo de ser poderosos. Mas nós não vemos que a ambição é corrupta, que o desejo de poder é pernicioso; ao contrário, dizemos que devemos usar o poder para o bem. Um meio errado nunca pode ser usado para um fim correto. Se o meio é pernicioso, o fim será também pernicioso. O bem não é o oposto do mal; ele só se manifesta quando aquilo que é mal cessa completamente. Assim, se não compreendemos toda a significação do desejo, com seus resultados, seus subprodutos, simplesmente tentar se livrar do desejo não tem significado.

Qual é a causa da corrupção? Corrupção começa com o interesse em si mesmo.Se estou interessado em mim mesmo, no que quero, o que devo ser, se sou ganancioso, invejoso, duro, brutal, cruel, há corrupção. A corrupção começa em seu coração, na sua mente – não somente dando dinheiro – que também é corrupção, mas a causa real da corrupção está dentro de você. A menos que você descubra isso e mude isso, você será um ser humano corrupto. Corrupto é quando você está zangado, quando é ciumento, quando odeia as pessoas, quando é preguiçoso, quando você diz, isso é certo e aferra-se a isso. Tudo tem a ver com o egoísmo. A corrupção começa aí. Você diz “como viverei, o que farei se não sou corrupto, quando todos ao meu redor são corruptos?” Vocês entendem o que quero dizer com corrupção, não somente o sinal externo, mas o profundo senso interior da corrupção do viver dos seres humanos – egoísmo, pensando sobre eles mesmos, querendo seu sucesso, invejosos. Corrupção está dentro, no seu coração, no seu cérebro. Passar dinheiro, o suborno, não importa se uma quantia pequena ou dez milhões de dólares, é ainda suborno. E ser violento é parte do que é chamado corrupção. Isso é o que está acontecendo no mundo. Vocês, meninos, são seres humanos em crescimento, não sejam como eles. A corrupção interior é muito perigosa, então não sejam corruptos. 
Comecem primeiro dentro, não lá fora. Vocês farão isso? Não prometam a menos que estejam absolutamente certos de cumpri-lo. Mas se vocês vêm como isso é importante na vida, no mundo político, no mundo religioso, no mundo econômico, então não sejam corruptos, interiormente, não procurem a vaidade, o orgulho, não digam, eu sou superior a outra pessoa. Vocês sabem que aprendem bastante quando há humildade. Mas se vocês estiverem procurando apenas sucesso, dinheiro, poder, posição, status, então vocês estão começando com a corrupção. Vocês podem ser pobres. Então, sejam pobres, quem se importa? O importante para todos vocês é encontrar seu próprio talento e aferrar-se a ele, mesmo que ele não traga sucesso, fama e tudo isso. Porque todos iremos morrer. Enquanto viver, viva! (Trecho de palestra de Krishnamurti sobre o tema corrupção para crianças indianas).

*Fotos da internet


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quarta-feira, 13 de abril de 2016


REVISTA PISEAGRAMA NA BIENAL DE ARQUITETURA EM VENEZA

Piseagrama é uma revista de jovens que aponta novas soluções e novos caminhos para o futuro das cidades. Ela vê o povo que habita a cidade, aquele que, depois do trabalho se enfileira nas calçadas para pegar ônibus. O cidadão se aperta para conseguir um lugar para sentar, tem de pagar passagem, passar pela catraca. “Na Europa não existe catraca nos ônibus”, nos falou um jovem italiano.

Converso com meu jardineiro: “Tenho que tomar três ônibus  para chegar em casa, o primeiro daqui do Retiro até o Centro, de lá outro até São Gabriel e aí outro para casa. Só chego em casa, em Santa Luzia, às 6 horas da tarde, passo 3 horas viajando para chegar aqui e 3 horas viajando para voltar”.
Piseagrama é uma proposta social. Enxerga o problema de toda a população  e propõe soluções novas. Ônibus gratuitos, como em algumas cidades do mundo, tornam a cidade acessível e democratizam o acesso aos lugares. Trata-se de uma política cultural.

Voltemos à Revista, às suas propostas para uma sociedade mais justa, que enxerga o lazer como uma necessidade, o respeito ao patrimônio como causa justa e a ligação com a natureza como fundamental.
Piseagrama é uma das grandes iniciativas criadas no momento cujas ideias ultrapassam os interesses materialistas de uma sociedade corrompida pelo dinheiro, onde os valores essenciais estão sendo ignorados em favor da ambição e do poder. A ambição desmedida está derrubando montanhas, destruindo nascentes, poluindo rios, sepultando na lama famílias inteiras. Um rio de lama continua descendo pelo Rio Doce...

Os grupos de jovens estão atentos a esse assunto, fotografam e dão testemunho desse desastre ecológico que a todos vem atingindo. Esses jovens já começaram a se unir porque querem um futuro melhor para seus filhos.

Vejo meu neto Roberto, um dos criadores de Piseagrama, carregando minha bisnetinha numa rede amarrada ao corpo, à maneira dos povos andinos e nepalenses.
As crianças assistem a tudo, não ficam em casa com as babás. Participam de encontros e pic nics nos gramados dos parques e de jogos criativos nas praças das cidades. Uma praça em cada bairro é uma das propostas do grupo.
 “Uma praça por bairro”, “pescar e navegar no Tietê”, “ carros fora do centro”, “nadar e pescar no Arrudas”, “parques abertos 24 horas” e “ônibus sem catracas” são mensagens  estampadas nas sacolas coloridas.  As sacolas percorrem as ruas, os supermercados, o cotidiano das cidades levando e trazendo mensagens sociais, urbanas e ecológicas para a população.

No momento, a Revista está representando o Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza. Não é todo dia que um grupo consegue sair de Minas para representar o Brasil numa das mais importantes mostras internacionais. O testemunho e a coragem dos jovens conseguiu quebrar o famoso eixo Rio/São Paulo para projetar Minas fora do Brasil.
Parabéns aos seus criadores, parabéns a todos os participantes,  jovens guerreiros das montanhas. Já foi dado o primeiro toque, segue o entusiasmo de querer para o Brasil algo de melhor!

*Fotos da internet

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segunda-feira, 11 de abril de 2016

segunda-feira, 4 de abril de 2016


ARTE COMO DESPERTAR DO SER INTERNO


Observando a história da arte moderna, podemos enxergar, nas entrelinhas de todos os ismos, um impulso dirigido à conscientização do homem, à e sua desmassificação, à busca existencial e à abertura do Ser. Acompanhamos seu itinerário, que se apresentou de maneiras variadas neste século, levantando polêmicas e controvérsias, congregando os artistas e o público para uma nova visão do mundo. Por meio do invólucro do objeto artístico, diversas luzes se acenderam, indicando caminhos novos para o homem. Sentimos a energia que se utilizou das várias correntes artísticas como instrumento para despertar uma realidade mais profunda, submersa nas raízes do Ser. Ela trouxe em seu contexto uma nova consciência. Despertou, denunciou, rompeu bloqueios, reivindicando a liberdade de expressão e a busca da espontaneidade.

A inquietação da arte do século XX acompanhou a inquietação de sua época,  penetrou nos domínios do inconsciente, da psicologia, ligou-se à ciência e à tecnologia. Abandonou os antigos padrões estéticos para mergulhar no universo interior do homem, procurando a origem dos sentimentos e emoções. Promoveu o  autoconhecimento, sacudiu preconceitos enraizados, quebrou estruturas arcaicas.
A arte se manifestou como libertadora de ideias e sentimentos, exprimindo muitas vezes reivindicações sociais ou anseios espirituais. Passou a ser considerada como força harmonizadora do homem. Utilizaram-na na educação e na psicologia. Levaram-na para o campo da comunicação, fizeram-na saltar dos museus para as praças, dos teatros fechados para as ruas movimentadas, colocaram-na como testemunha da violência, massificaram-na e desmaterializaram-na. Mas, apesar das controvérsias, a arte continua atuando em todos os níveis da vida cotidiana, liberando energias e rompendo barreiras.

Arte, ciência, religião e filosofia, vida, criatividade, ação, pensamento e palavra acham-se interligados. Pertencem à totalidade cósmica que promove a evolução consciente do mundo. Todas as atividades criativas abrem caminho para essa evolução. Muitas vezes a arte antecede a filosofia. Pressente as aflições de um povo, capta seus anseios, denuncia a violência, transmite mensagens de paz. Ela pode nos projetar no espaço, antecipando as conquistas tecnológicas, e nos libertar da massificação gerada pela propaganda. Desde o início, a arte em seu contexto geral, procurou quebrar condicionamentos, desligar-se da tradição e reivindicar para o artista a liberdade criadora.

É justamente na quebra dos condicionamentos e na ânsia de despertar o novo que ela se torna colaboradora da evolução.
Em arte, deve-se “nascer virgem a cada manhã”, disse-nos André Lhote, um dos mestres da Escola de Paris. Nascer virgem é viver plenamente o instante da criação, é despertar para o novo que surge a cada momento. É afinar ação externa com crescimento interno, abrir-se para a sabedoria, ser receptivo às vibrações do cosmo. A arte, com todas as suas reivindicações, levantou antenas para o espaço e traduziu, na voz dos artistas, a necessidade de evolução do planeta.(Trecho do livro “Os Caminhos da Arte”, editora C/ARTE, 2015)

*Fotos da internet

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