terça-feira, 1 de novembro de 2016

AUROVILLE

Recebi de Maurício Andrés Ribeiro o texto sobre Auroville, que dá continuidade às postagens anteriores
       
“A origem de Auroville remonta a 1955, quando surgiu a idéia de construir uma cidade internacional voltada para o novo homem da nova era.  Reconhecida em 1966 pela Assembléia Geral da Unesco como cidade dedicada ao entendimento entre os povos e à paz, Auroville foi inaugurada com a presença de cinco mil pessoas de todo o mundo. Criada em 1968, Auroville se situa nas proximidades da baía de Bengala, a 10 km de Pondicherry, em meio a amplas áreas verdes.
Na cerimônia de sua fundação, vários países enviaram, como ato simbólico, um pouco da terra de seu solo, que foi depositada em um monumento erguido no centro da cidade. Durante a cerimônia, o diretor-geral da Unesco, Dr. M.S. Adiseshiah, pronunciou as seguintes palavras:

Em nome da Unesco, em nome de todos vocês presentes e não presentes aqui, eu exalto Auroville, sua concepção e realização, como uma esperança para todos nós e particularmente para nossas crianças, para nossa juventude que está desiludida com o mundo que construímos para ela, e que encontrarão em Auroville um símbolo vivo, inspirando-se a viver a vida para a qual são chamados.

Nos anos 70, tiveram início os primeiros assentamentos. Desenvolveu-se um bem-sucedido projeto de reflorestamento, com um milhão de mudas, para conter a erosão que se agravava com as monções. Foram construídas casas com estruturas simples, adequadas tanto para o calor do verão, como para a estação chuvosa das monções. Foram implantados e experimentados sistemas de energia alternativa – energia solar e biogás.

A planta urbanística foi planejada por uma equipe internacional. Em forma de espiral, simboliza a evolução humana e prevê capacidade para abrigar 50 mil pessoas voltadas para a pesquisa e a experimentação, em educação permanente.

No centro da espiral está uma grande esfera de concreto, construída pelos próprios aurovillianos: o Matrimandir, templo considerado a alma, a “força coesiva de Auroville", "o símbolo vivo da aspiração de Auroville para o Divino".[1] No centro do Matrimandir, há uma câmara com doze paredes de mármore branco, utilizada para meditação. O detalhe arquitetônico mais importante fica no meio da câmara: um globo de cristal de 70 cm de diâmetro, feito pela Zeiss, na Alemanha.

Hoje, vivem e trabalham em Auroville pessoas de dezenas de países. Esse fluxo migratório suscitou inicialmente problemas de integração com a população que vivia no local e nas proximidades. A chegada de forasteiros com valores culturais diferentes transformou o contexto social. Entretanto, com o passar do tempo, a situação foi se harmonizando, e os habitantes das aldeias vizinhas passaram a se inserir no projeto de variadas formas: alguns começaram a trabalhar nos setores de reflorestamento, artesanato e na produção de alimentos; outros vieram estudar nas escolas e centros de treinamento.

Auroville contou com recursos do governo da Índia, doações de indivíduos e de organizações internacionais para sua fundação e manutenção.

A Carta de Auroville afirma que ela pertence à humanidade como um todo: uma cidade planetária para a criação e a propagação do entendimento e da paz. Outros trechos da Carta dizem: "Para viver em Auroville, deve-se desejar servir à consciência perfeita."; "Auroville será o lugar de uma educação sem fim, de progresso constante, e de uma juventude que nunca envelhece. Auroville quer ser a ponte entre o passado e o futuro. Incorporando todas as descobertas de fora e de dentro, Auroville florescerá audaciosamente em direção a realizações futuras."; "Auroville será o sítio de pesquisa material e espiritual, para a vivência concreta de uma unidade humana real.".Auroville é uma cidade-escola aberta. Propõe-se a ser um local de paz, harmonia e concórdia, com base na idéia de que a espécie humana não é o último passo da evolução. Auroville é, assim, uma "cidade experimental", "um laboratório da consciência, um lugar onde se tentam novas maneiras de os homens viverem em comunidade"[2]. Ela ajuda a preparar a humanidade para os passos seguintes de sua evolução, inspirada pelas ideias de Sri Aurobindo, o grande sábio indiano.”

(Maurício Andrés Ribeiro é autor de “Tesouros da Índia para a civilização sustentável”, Editora Rona e Santa Rosa Bureau Cultural, 2003.)

*Fotos da internet

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[1] Carta de Auroville. Cf. site www.auroville.org.
[2] Carta de Auroville. Cf. site www.auroville.org.

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